Voces gostaram

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Peru e México: a herança pré-colombiana




Prof. Mario Out/2012

A posição geográfica do Brasil













Posição geográfica do Brasil
O Brasil é o quinto país mais extenso do planeta, sua área é de 8.514.876 quilômetros quadrados, apresentando-se inferior apenas à Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. O país está localizado na América do Sul, possui uma extensa faixa litorânea, com 7.367 quilômetros, e uma fronteira terrestre ainda maior (15.719 quilômetros), faz limite com dez países sul-americanos do continente. Apenas Chile e Equador não compartilham desta ligação. A grande dimensão territorial do país possibilita a existência de uma imensa diversidade de paisagens, climas, pluralidade cultural, além de uma grande biodiversidade.

O território brasileiro corresponde a, aproximadamente, 1,6% da superfície do planeta, 5,6% das terras emersas do globo, 20,8% da extensão territorial da América e 48% das áreas que constituem a América do Sul. A grande extensão do território brasileiro no sentido leste-oeste (4.319 quilômetros entre os pontos extremos) faz com que o país possua três fusos horários diferentes.
Todo o território brasileiro está localizado a oeste do meridiano de Greenwich, portanto, sua área pertence ao hemisfério ocidental. A linha do Equador passa no extremo norte do país, fazendo com que 7% de seu território pertença ao hemisfério norte e 93% localizado no hemisfério sul. Cortado ao sul pelo Trópico de Capricórnio, apresenta 92% do território na zona intertropical (entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio); os 8% restantes estão na zona temperada do sul (entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico).

A localização geográfica de qualquer ponto do planeta é realizada através da latitude e longitude. No sentido leste-oeste do território brasileiro, os extremos são a Serra Contamana (AC), a oeste, com longitude de 73°59’32”; e Ponta do Seixas (PB), a leste, com longitude 34°47’30”. Os extremos no sentido norte-sul apresentam 4.394 quilômetros de distância, onde estão o Monte Caburaí (RR), ao norte do território, com latitude 5°16’20”; e Arroio Chuí (RS), ao sul, com latitude 33°45’03”.

Textos para 7a. série / 8o. ano - 4o. bimestre

13. Peru e México: a herança pré-colombiana (uso do vídeo)
Profa. Mario – Geografia – 7ª. série

Um dos pontos turísticos mais visitados da América é a praça do centro da capital do México: Zócalo. Ali, a catedral católica per­manece sustentada sobre as ruínas do templo mais importante de Tenochtitlán, a antiga capital dos astecas. Ao lado da igreja está o palácio do governo, situado sobre a residên­cia de Cuauhtémoc, o chefe asteca morto pelo espanhol Hernán Cortés, quando Tenochtitlán foi conquistada, em 1521. Assim como a ca­pital asteca, Cuzco, no Peru, teve destino se­melhante, sendo dominada pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro. Na guerra de con­quista, Pizarro mandou executar o imperador inca Atahualpa, fundir os abundantes metais preciosos em barras e atear fogo em tudo o que estivesse pela frente.
Apesar do violento processo de ocupação dos conquistadores europeus, a colossal arquitetura das civilizações que se desenvolveram na Amé­rica pré-colombiana não foi total­mente destruída. Vamos utilizar esse rico acervo para estudar a presença de elementos (obras e acontecimentos) do passado na dinâmica da vida atual.
Um acervo de figuras pode auxiliar na compreensão da for­mação da Cidade da México. Quem visita Zócalo, a praça central da cidade, observa as escavações do que sobrou do antigo templo asteca, denominado Templo Mayor. Nesse lo­cal há um museu com a reprodução da antiga cidade asteca, uma maquete, como vemos na figura da página 3 do caderno do aluno.
Tenochtitlán era uma cidade impressionante. As crônicas dos conquistadores descrevem uma cidade com mais de 300 mil habitantes, maior do que a grande parte das cidades européias do sécu­lo XVI. Como Tenochtitlán estava situada numa ilha do lago Texcoco, onde se cruza­vam diversos canais, poderia ser considera­da uma Veneza do Novo Mundo. Por meio do “Mapa do sítio urbano de Tenochtitlán”, na página 4 do caderno do aluno, observamos como era o sítio urbano de Tenochtitlán na época da chegada dos espanhóis.
A sobrepo­sição da atual Cidade do México, com mais de 18 milhões de habitantes, ao sítio antigo, pode ser observada no mapa “A ocupação urbana no antigo lago Texcoco”. A Cidade do México cresceu sobre o antigo lago Texcoco. A única explicação para isso é o aterramento do fundo do lago, um processo é bem antigo, como no caso das chinampas (trecho na parte superior do mapa com símbolo que parece um acento circunflexo), uti­lizadas desde a época dos astecas para uso agrícola. Evidentemente, a expansão da ci­dade moderna também gerou aterros para a construção de loteamentos.

A herança  das comunidades indígenas
Assim como a civilização asteca é resulta­do do desenvolvimento cultural de povos que viveram na área do atual México, os incas her­daram a cultura dos habitantes dos altiplanos andinos.
Vamos assistir ao filme “Reino nas nuvens”, da série Terras Místicas. Produzido em 1997 pela empresa canadense The Duncan Group, dura cerca de 25 minutos. Por meio do relato da construção de Machu Picchu, anotem dados a respeito da história do império inca e da herança cultural deixada às comunidades indígenas atuais.
Não se sabe ao certo por que Machu Picchu foi erguida, pelos incas, a 2 800 metros acima do nível do mar e distante 112 quilômetros de Cuzco, capital do império inca. Trata-se de um lugar de difícil acesso e, ao mesmo tempo, ma­jestoso e complexo. Entre as hipóteses admiti­das pelos pesquisadores, pode-se destacar:
1. era uma cidade estratégica fortificada na fronteira de uma região com povos belicosos (que gosta de guerra);
2. era uma espécie de convento para acolher as mulheres escolhidas pelo imperador;
3. era um centro de estudos astronômicos e de culto aos astros.
As características culturais da civiliza­ção inca são as técnicas construtivas avançadas dos incas, seus sistemas de cultivo em terraços e a sofisticação do artesanato.
Muitas comunidades indígenas da Cordilheira dos Andes vi­vem no meio rural, preservando esses valores culturais, como antigas práticas agrícolas e a destreza nos trabalhos artesanais.

A diversidade cultural por meio de gráficos
Em virtude do violento processo de domina­ção do continente americano pelos colonizadores europeus, a população nativa foi dizimada e, em muitas regiões, praticamente extinta. No final do século XX, os povos indígenas repre­sentam cerca de 8% da população da América Latina. Para estu­dar essa realidade, observe a tabela “América Latina: população indígena estimada em alguns países”, na página 7 do caderno do aluno. Ela apresenta a população indígena em número total de habitantes (termos absolutos) e em porcentagem (termos relativos).
Em ter­mos absolutos, ape­sar de a maior parte da população da Bolívia ser indígena, o México apresenta o maior contingente de representantes ameríndios (índios americanos). Os países que apresentam maior porcentagem de po­pulação indígena são o México, a Guatemala, o Peru, o Equador e a Bolívia que, do ponto de vista da Geografia Física, apre­sentam cordilheiras montanhosas em comum.
A distribuição da população indígena na América Latina é muito desigual. O altiplano das cordilheiras montanhosas da América La­tina foi o centro das civilizações pré-colombianas, aglomerando um contingente populacional maior do que o das planícies costeiras. Os adensados núcleos de povoamento ameríndio foram transformados em reserva de mão de obra pelos colonizadores espanhóis.

14. Brasil e Argentina: as correntes de povoamento

Vamos construir o conceito de for­mação territorial por meio da análise do processo de povoamento e valorização do espaço brasileiro e do argentino. Os países e seus territórios resultam de processos históricos, muitas vezes, bastante diferentes entre si. O Brasil é o único tributário do domínio português sobre grandes extensões de terras situadas na América; a Argentina, por seu turno, nasceu da desagregação do vasto império espanhol na América. Os vetores de apropriação e valorização de ambos os territórios são expres­sões dessa diferença crucial.
Começaremos pelos dados relativos à densidade demográfica do Brasil e da Argentina.
Den­sidade demográfica é a medida do grau de concentração populacional em deter­minada área, dada pelo quociente entre a po­pulação absoluta e a sua extensão territorial.


densidade demográfica = população absoluta dividida pela área

Dividindo-se a po­pulação brasileira (183.987.291 habitantes em 2007) pela extensão territorial do país (8.514.877 km2), obtemos uma densidade demográfica média de 21,6 hab./km2, relativamente baixa para os padrões mundiais. A população brasileira não é uniformemente distribuída pelo território do país. A tabela serve como ele­mento para essa explicação.
De acordo a tabela “Brasil: população e densidade demográfica, por estado”, na página 13 do caderno do aluno, Roraima é a úni­ca Unidade da Federação com densidade demo­gráfica inferior a 2 hab./km2, em 2007, enquanto Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Alagoas apresentam densidades demográficas superiores a 100 hab./km2 no mesmo ano. A elevada densidade demográfica do Distrito Federal é relativamente fácil de explicar, já que ele ocupa uma área relativamente pequena. Os Estados da Região Norte apresentam densidades demo­gráficas bastante inferiores à média nacional. É importante também destacar que, no Brasil, as maiores densidades demográficas estão lo­calizadas nas proximidades do litoral, devido à história de povoamento do país. Como se sabe, a colonização portuguesa priorizou principal­mente a exploração da faixa litorânea, gerando uma apropriação esparsa e desigual do interior.

Os movimentos colonizadores no século XVI
Utilizaremos documentos cartográficos para analisarmos os vetores da expansão colonial portuguesa e espanhola na América do Sul entre os séculos XVI e XVIII, em especial nos territórios que mais tarde viriam a pertencer ao Brasil e à Argentina.
O mapa “Américas do Sul e Central: rotas de colonização”, na página 17 do caderno do aluno, destaca as rotas de coloniza­ção na América Portuguesa e na América Hispânica nos séculos referidos. Desde 1549, a América Portuguesa dispunha de um governador-geral nomeado pelo rei, que rece­bia poderes de fiscalização e defesa sobre o conjunto do território colonial lusitano da América. No caso da América Hispâ­nica, a administração foi descentralizada desde o início, e as possessões coloniais di­vididas em vice-reinados e capitanias. O nú­cleo da colonização espanhola era formado pelas principais áreas andinas de minera­ção, situadas no Peru e no Alto Peru (em especial Potosí, atual Bolívia). O porto de Buenos Aires, no estuário do Rio da Prata, funcionava como elo entre as zonas minei­ras andinas e os mercados europeus, escoan­do principalmente a prata contrabandeada para a Inglaterra e para a Holanda e rece­bendo, destes países, manufaturas que tam­bém penetravam ilegalmente nas possessões coloniais espanholas.
Analisando as rotas de colonização portuguesas e espanholas, percebemos que, na América Portuguesa, todas as rotas de co­lonização tinham início no litoral atlântico, enquanto na América Hispânica existiam fluxos importantes nas duas direções: do Atlântico para as regiões mineradoras e das regiões mineradoras para o Atlântico.

O povoamento no século XIX e suas consequências 
A Argentina proclamou sua independência em 1816, e o Brasil, em 1822. No momento da independência, nenhum dos dois países tinha se apropriado efetivamente de seus territórios. Na Argentina, apenas um terço do território era ocu­pado pelos herdeiros dos colonizadores, a maior parte ainda estava sob controle das populações indígenas, com as quais o país recém-independente mantinha relações conflituosas. A capital, Buenos Aires, centralizava as relações comerciais do país com o exterior, pois era o único porto internacio­nal. No Brasil, as áreas povoadas pelos herdeiros dos colonizadores portugueses equivaliam a cer­ca de metade do território, mas já existiam diver­sas cidades portuárias importantes, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador. No Brasil, as maiores densidades demográficas estão localizadas nas proximidades do litoral, enquanto na Argentina, apesar da for­te concentração populacional na capital, Buenos Aires (onde vive cerca de um terço da população do país), existem manchas significativas de maio­res densidades demográficas situadas na porção central e oriental do território.
Se observarmos os mapas “Brasil: povoamento no início do século XIX”, na página 18, e “Argentina: povoamento no início do século XIX”, na página 19, ambos no caderno do aluno, conferimos que o território luso-brasileiro foi ocupado da costa para o interior, o que conferiu ao Brasil um caráter de povoamento predominanteniente litorâneo e certa continuidade espacial. A Argentina, por sua vez, foi ocu­pada a partir de seus extremos, o Noroeste e o Rio da Prata, e de um movimento colonizador secundário a partir do Oeste.

15. Colômbia e Venezuela: entre os Andes e o Caribe (uso do vídeo)

Neste capítulo focalizaremos as diferentes formas de apropriação do espaço co­lombiano e venezuelano. No primeiro caso, a área mais dinâmica do ponto de vista das atividades econômicas e da concentração populacio­nal situa-se na zona da Cordilheira dos Andes, que centralizava as atividades mineradoras no período colonial. No que diz respeito à Vene­zuela, a valorização do litoral é tributária das re­lações com o Mar do Caribe e foi reforçada pelo estabelecimento da economia petroleira, a partir das primeiras décadas do século XX.
Durante o pe­ríodo colonial, Colômbia e Venezuela integra­ram, junto com os atuais Panamá e Equador, o vice-reinado de Nova Granada. Os altiplanos colombianos abrigaram o mais importante nú­cleo econômico do vice-reinado, graças à pre­sença de metais preciosos. Santa Fé de Bogotá, a capital, situada a 2 600 metros de altitude, era o centro da região mineira de Nova Granada.
A Venezuela, po­bre em ouro e prata, foi considerada uma área marginal durante os primeiros tempos da colonização. A implantação hispânica no território que atualmente pertence à Venezuela se restringiu à captura de indígenas e à pecuária, atividades direcionadas para o consumo nas regiões minerado­ras da Colômbia. Os poucos produtos agrícolas da região eram comercializados pelos navios con­trabandistas que atuavam no Mar do Caribe.
Assim, desde a origem, os altiplanos andinos foram o núcleo de povoamento da Colômbia. A Venezuela, ou "pequena Veneza", nasceu volta­da para o Mar do Caribe e teria seu destino liga­do ao mar. Após a independência, os altiplanos andinos da Colômbia seriam ocupados, sobre­tudo, pelas culturas de exportação, em especial o café, enquanto o Centro-Norte costeiro da Ve­nezuela experimentaria uma valorização inédita com a descoberta e a exploração das imensas reservas petrolíferas existentes no país.
As três principais cidades venezuelanas, Caracas, Maracaibo e Valência, localizam-se na porção seten­trional do país, nas proximidades da costa. E as três principais cidades colombianas, Bogotá, Cali e Medellín, estão no sistema montanhoso formado pelas bifurcações da Cordilheira dos Andes em território colombiano.
Na Colômbia, as maiores densidades demo­gráficas situam-se nos sistemas montanhosos, e, secundariamente, nas proximidades dos portos que conectam o país ao Oceano Pa­cífico. Na Venezuela, as maiores densidades demográficas situam-se na porção setentrio­nal, ao longo da faixa costeira. Em ambos os países, as menores densidades demográficas situam-se na Amazônia, que inclui a faixa de fronteira com o território brasileiro.

Os contrastes de Caracas
Para finalizar, vamos assistir ao filme “Um olhar sobre Caracas”, produção francesa com cerca de 20 minutos de duração, que pertence ao acervo da TV Escola. O filme analisa o cotidiano dos moradores e os contrastes sociais que fazem parte da paisagem da cidade. Após a exibição, produzam um texto sobre o filme, em forma de crítica jornalística. A crítica é um tipo de texto que descreve um objeto cultural, como um filme ou um livro, ressaltando suas particularidades e seus as­pectos positivos e negativos. Trata-se, por­tanto, de um tipo de texto argumentativo, pois o autor deve apresentar argumentos que fundamentem sua opinião a respeito do objeto analisado.

16. Haiti e Cuba: as revoluções (uso do atlas)

A escolha de Haiti e de Cuba tem como objetivo a discussão das alternativas de desenvolvimento independente dos países latino-americanos. Apesar de o Haiti ser resultado da primeira grande revo­lução americana de escravos, que culminou com a formação do país em 1804, a sociedade local não conseguiu romper as amarras de uma estrutura conservadora de poder, que manteve o controle centralizado do Estado e da propriedade privada.
Por sua vez, a radicalização da revolução cubana rumo ao socialismo pode ser relaciona­da à tentativa de intervenção militar frustrada (desembarque na Baía dos Porcos, em 1961) e ao bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, desde 1962 - que provocou o isola­mento do país no continente.
Tendo em vista as características específicas dessas revoluções populares, vamos refletir a respeito das perspec­tivas de desenvolvimento regional, compa­rar esses diferentes processos e utilizar diver­sos indicadores socioeconômicos de forma a elaborar a sua própria síntese.
Como introdução, uma linha do tempo com os princi­pais acontecimentos relacionados às revoluções de Haiti e de Cuba estão nas páginas 25, 26 e 27 do caderno do aluno. Tal forma de representação gráfica é de interesse da Geografia, na medida em que promove o exercício de lidar com escalas de proporcionalidade entre fatos ocorridos no decorrer do tempo e o espaço da represen­tação na folha de papel.
Com base nas duas linhas do tempo, podemos estabelecer individualmen­te comparações entre Haiti e Cuba:
·                     Semelhanças entre Haiti e Cuba
- Ilhas localizadas no Mar do Caribe, conquis­tadas por Colombo no final do século XV;
- Exploração pelos colonizadores europeus para a produção da cana-de-açúcar, cuja mão de obra era baseada no trabalho es­cravo africano;
- Ocupação dos Estados Unidos da Améri­ca, que exerceram controle sobre a região a partir do final do século XIX;
- Domínio de ditaduras por longos períodos e ausência de tradição democrática.

·                     Diferenças entre Haiti e Cuba
- A revolução popular no Haiti antecedeu a revolução cubana em mais de 50 anos, mas não conseguiu romper as estruturas de po­der da elite local;
- Aproximando-se do modelo soviético, a re­volução cubana radicalizou-se na propor­ção em que os Estados Unidos da América impunham sanções econômicas ao país;
- O fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1991, provocou uma crise eco­nômica profunda em Cuba, mas o país está se recuperando com o desenvolvimento de novos setores econômicos, como o turismo. As perspectivas do Haiti são sombrias. As instituições do Estado estão destruídas e a população pas­sa por problemas gravíssimos, como a fome.
            A língua oficial do Haiti é o francês e de Cuba, o espanhol. A língua na América Latina é bem diversificada, em função do passado colonial, já que a maior parte dos países adotou a língua dos colonizadores:
- Espanhol: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai, Venezuela;
- Francês: Haiti;
- Holandês: Suriname, Antilhas Holandesas;
- Inglês: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago;
- Português: Brasil.
            Alguns países possuem mais do que uma língua oficial, como o Haiti (francês e crioulo), Bolívia e Peru (espanhol e quíchua).

Indicadores sociais e de Cuba e Haiti
Para aprofundar o conhecimento dos países do Mar do Caribe, explore um mapa político da região em um atlas geográfico escolar. Observe o mapa político da América Central.
Podemos dividir a América Central em dois blocos de países: continentais e insulares (ilhas). Os países da América Central continental são Guatemala, Belize, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá e os insulares são Bahamas, Cuba, Jamaica, Haiti, República Dominicana e os países das pequenas Antilhas. A região é banhada pelo Mar das Antilhas ou Mar do Caribe. Cuba está localizada ao sul do Trópico de Câncer, separada dos Estados Unidos da América apenas pelo Estreito da Flórida. O país está localizado a sudoeste das Bahamas, a noroeste do Haiti e ao norte da Jamaica. Com relação ao Haiti, o país divide a Ilha Hispaniola com a República Dominicana. A República Dominicana, na porção oriental, formou-se a partir da colonização espanhola. O Haiti, na porção ocidental, formou-se a partir da colonização francesa e da revolta dos escravos.
Analise a situação social e econômica de Cuba e do Haiti, comparando estes países com os seus vizinhos da América Central, baseando-se em alguns in­dicadores apresentados na tabela “América Central: alguns indicadores”, na página 29 do caderno do aluno.
Antes, vamos conceituar os seguintes indicadores:
- Produto Interno Bruto (PIB): valor total da riqueza produzida em um país, calcula­do geralmente no período de um ano. São considerados os bens (automóveis, gela­deiras, televisores, produtos agrícolas e in­dustriais etc.), serviços (bancos, hospitais, escolas etc.) e atividades comerciais reali­zadas dentro do país por empresas nacio­nais e estrangeiras;
- PIB per capita: calculado dividindo-se o valor total da riqueza produzida no país pelo número de habitantes;
- Expectativa de vida ou esperança de vida: estimativa do tempo de vida da população do país, em linhas gerais, caso sejam man­tidas as condições atuais;
- Taxa de adultos analfabetos: calculada a partir do total da população acima de 15 anos que não sabe ler nem escrever. Eviden­temente, tal condição resulta num processo de exclusão cultural e reflete as condições de vida da população;
- População Economicamente Ativa (PEA): calculada considerando-se o total da po­pulação entre 15 e 60 anos, representando a força de trabalho existente no país.
A partir da análise, podemos concluir que estamos trabalhando com dois países em posições extre­mas. Cuba é o país com a melhor situação social e econômica da região, enquanto o Haiti é o país mais pobre e com piores índices socioeconômicos.

A situação política de Cuba e Haiti
Vamos analisar as características da economia do Haiti e de Cuba em trechos de dois artigos publicados, em abril de 2008, no jornal Folha de S.Paulo: “Protestos contra a fome crescem no Haiti” e “Cubanos absorvem discurso da mudança sem loucuras”, nas páginas 30 e 31 do caderno do aluno.

Os setores da economia e as cadeias produtivas



14. Os setores da economia e as cadeias produtivas 2012
Prof. Mario – Geografia – 5ª. série

Tradicionalmente, as estatísticas interna­cionais dividem a economia em três grandes setores. O setor primário reúne as atividades agropecuárias e extrativas, vinculadas às dinâ­micas da natureza. O setor secundário engloba a produção de bens materiais, resultantes da transformação de matérias-primas. Nele figu­ram atividades que dependem de máquinas e equipamentos, como o conjunto da produção fabril, a construção civil e a geração de energia. O setor terciário, por sua vez, abrange os servi­ços em geral e inclui o comércio, as atividades financeiras, a saúde, a educação, as telecomuni­cações e a administração pública.
Nos relatórios produzidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por exemplo, as estatísticas sobre a estrutura de empregos dos países pesquisados são organizadas de acordo com esses três setores de atividade, de forma a criar uma base genérica de comparação entre suas estruturas econômicas. Entretanto, como sabemos, a divisão em três setores não é capaz de responder às complexidades das economias nacionais contemporâneas. Por isso, no caso brasileiro, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE) adota a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), organizada em 21 grandes categorias, que agrupam um enorme conjunto de subcategorias:
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura;
- Indústrias extrativas;
- Indústrias de transformação;
- Eletricidade e gás;
- Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação;
- Construção;
- Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas;
- Transporte, armazenagem e correio;
- Alojamento e alimentação;
- Informação e comunicação;
- Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados;
- Atividades imobiliárias;
- Atividades profissionais, científicas e técnicas;
- Atividades administrativas e serviços complementares;
- Administração pública, defesa e seguridade social;
- Educação;
- Saúde humana e serviços sociais;
- Artes, cultura, esporte e recreação;
- Outras atividades de serviços;
- Serviços domésticos;
- Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.
Essa classificação, que segue padrões esta­belecidos internacionalmente, permite mapear a organização das atividades no país e também funciona como instrumento de harmonização e comparação de informações econômicas mais detalhadas, em âmbito mundial.
Independentemente da forma pela qual são agrupados para fins estatísticos, os se­tores de atividade econômica não existem de forma isolada; eles estabelecem uma rede de relações entre si. A agricultura moderna, por exemplo, só pode ser compreendida se analisada em suas relações com a indús­tria fornecedora e de transformação, com o sistema de comércio e com as instituições financeiras.
Na organização das atividades econômicas no mundo contem­porâneo, grande parte dos produtos alimentares que são vendidos nos supermercados passou por algum processo de industrialização. Al­guns exemplos: sucos de frutas, arroz beneficiado, leite pas­teurizado, macarrão, óleos, entre outros. As matérias-primas foram produzidas em estabelecimentos rurais, como sítios e fa­zendas. Os estabelecimentos rurais, que produ­zem essas matérias-primas, também uti­lizam produtos industriais, como tratares e ferti­lizantes químicos industrializados.
Com base no esquema “Relações entre os diferentes tipos de atividades econômicas”, da página 3 do caderno do aluno, é possível cons­truir o conceito de cadeia produtiva, ou seja, uma série de atividades econômicas relacionadas pelas quais a matéria-prima se torna um produto industrial e é consumida.

Os setores de atividades
A economia moderna comporta uma enor­me quantidade de atividades econômicas. Entretanto, elas podem ser agrupadas em três grandes setores.
O setor primário é composto da agricultu­ra, da pecuária (criação de animais) e do extrativismo (mineral, vegetal ou animal).
O setor secundário é formado pelas ativi­dades industriais, pela indústria extrativa e pela construção civil (que constrói casas e estradas, por exemplo). A atividade de extração mineral, quando é realizada em grande escala e envolve maquinários pesa­dos, é classificada como indústria, e tam­bém pertence ao setor secundário.
O setor terciário compreende as atividades de comércio, dos bancos, da prestação de serviços (como educação), do transporte e da administração pública.
Em alguns países, uma parcela pequena dos trabalhadores está empregada no setor primário, pois a força de trabalho humano foi largamente substituída pelas máquinas. Também na indústria, tecnologias sofisti­cadas e a automação reduziram a neces­sidade de trabalhadores. Por isso, nesses países, a maior parte da população ativa está no setor terciário.
Há uma diversidade de formas de trabalho existentes em cada um desses setores:
- A agricultu­ra, tanto no Brasil como no mundo, é extre­mamente diversificada em termos do uso de tecnologia. A criação de animais também se diferencia pelo uso de tecnologias. São classificados como sistemas agrícolas modernos o uso de tratores, semeadeiras e colheitadeiras. Já o trabalho realizado manualmente faz parte dos sistemas tradicionais de agricultura;
- O setor terciário é muito diversificado. O co­mércio, por exemplo, abriga tanto a venda de mercadorias nos faróis como a das lojas mais sofisticadas. Advogados, médicos, pro­fessores e empregados domésticos também fazem parte desse setor, pois são prestado­res de serviços.
O mapa “Mundo: população ativa no setor primário”, na página 5 do caderno do aluno, apresenta as regiões do mundo que exibem maior por­centagem de trabalhadores no setor primá­rio da economia: o continente africano, a Ásia Meridional, o Sudeste Asiático e a China. Nas regiões que exibem maior porcentagem de trabalhadores no setor primário predominam os sistemas tradicionais de agricultura.

Montando uma cadeia produtiva
Uma roupa voltada para o consumo popular, mais barata, ou de uma roupa que busca atender à demanda do mercado de luxo? Essa decisão é crucial para a distinção de todas as etapas da cadeia produtiva, especialmente na concep­ção, na publicidade e no consumo. As etapas detalhadas do funcionamento da cadeia produtiva de uma mercadoria são:
- Concepção do produto: o que é atraen­te para os potenciais compradores?
- Matéria-prima: quais são as matérias-primas necessárias para a fabricação do produto?.
- Industrialização: quais indústrias serão envolvidas na fabricação do produto? As roupas, por exemplo, mobilizam a indústria têxtil e de confecção. Os fabricantes de tênis usam tecidos, tintas, borrachas e plásticos.
- Publicidade: a propaganda também faz par­te da cadeia produtiva. Criar uma estratégia de venda do produto selecionado é muito importante, criando campanhas de propaganda direcionadas aos consumido­res potenciais desse produto.
- Consumo: quais são os melhores pontos de venda para o produto selecionado, de acordo com o perfil do consumidor potencial?

15. A cadeia produtiva da laranja

A cadeia produtiva da laranja é uma das mais importantes da agricultura pau­lista e que também figura entre os princi­pais produtos do agronegócio brasileiro. O conceito de agroindústria envolve diversas etapas anteriores e posteriores à produção agrícola propria­mente dita e surge da integração entre a agricultura e a indústria, isto é, entre o campo e a cidade.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de laranja e de suco de laranja, e a cadeia produtiva da laranja gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no país. Trata-se, portanto, de um setor importante para a geração de emprego e de renda, tanto no campo como na cidade.
O cultivo da laranja e a produção industrial de suco de laranja integram a mesma cadeia produtiva, pois a laranja é matéria-prima para as fábricas de suco de laranja.Nem toda a produção de laranja no Brasil é processada industrialmente, uma parte é vendida diretamente no mercado, como fruta fresca. A laranja que chega sem processamento ao mercado também integra uma cadeia produ­tiva, pois o cultivo da laranja está inte­grado às atividades industriais (produção de fertilizantes e maquinarias agrícolas), ao setor de transportes e ao comércio, por meio do qual a fruta finalmente chega ao consumidor final. Diferentes elos integram as atividades econômicas envolvidas na cadeia produtiva da laranja, mesmo quando não ocorre o processamento indus­trial da matéria-prima.

A geografia da laranja no Brasil (um pouco da história da citricultura no Brasil)
Em 1501, os portugueses trouxeram da Espanha as primeiras mudas de plantas cítricas para o Brasil. O objetivo era criar abastecimento de vitamina C, para ser uti­lizada no combate ao escorbuto, doença que atacava as tripulações no período dos Descobrimentos.
No século XIX, a laranja já era cultivada no Rio de Janeiro para exportação.
No início da década de 1930, as principais empresas exportadoras se transferiram do Rio de Janeiro para Limeira, no Estado de São Paulo, por causa das facilidades de transportes encontradas na região.
A partir de 1960, o cultivo se espalhou para as regiões de Araraquara e Bebedouro.
Em 1963, foi instalada em Araraquara a primeira fábrica brasileira de suco concen­trado e congelado.
Na década de 1970, os pomares paulistas se expandiram, e o Brasil começou a exportar não apenas a fruta, mas também o suco.
Em 1977, as duas maiores fabricantes de suco de laranja em operação no Brasil al­cançaram o controle de pelo menos 50% da capacidade produtiva instalada no país. Desde então,  elas continuam sendo as maiores empresas industriais do setor.
Em 2005, o Brasil detinha 83% do mer­cado mundial de suco de laranja, sendo, portanto, o maior exportador mundial do produto. 88% de todo o suco de laranja produzido no mundo é consumido na Europa e na América do Norte.
O mapa “Brasil: produção de laranja, 1999”, na página 9 do caderno do aluno, apresenta a principal região produtora de laranja no Brasil: o interior do Estado de São Paulo (onde tem bastante bolinhas). Entretanto, existem também regiões pro­dutoras importantes no Rio de Janeiro, na Bahia e no Rio Grande do Sul.
Vamos analisar a geografia da produ­ção na escala estadual: observe o mapa “São Paulo: produção de laranja, 2003”, na página 10 do caderno do aluno. São Paulo compreende 645 municípios. Os seis maiores municípios produtores de laranja no estado são Bebedouro, Itapetininga, Itápolis, Matão, Tambaú e Mogi-Guaçu (em vermelho). Nenhum município litorâneo do estado figura entre os produtores de laranja (em branco).

Produção e consumo de suco de laranja
Observe os três gráficos de barra “Mundo: maiores produtores de suco de laranja, 2008-2009”, “Mundo: maiores exportadores de suco de laranja, 2008-2009” e “Mundo: maiores consumidores de suco de laranja, 2008-2009”, nas páginas 11 e 12 do caderno do aluno.
A idéia central é comparar a situação do Brasil, do México, da União Européia e dos Estados Unidos no que diz respeito à produção, ao consumo interno e às exportações de suco de laranja. Nos dois primeiros casos, a maior parte da produção é direcionada ao mercado externo. Na safra 2008-2009, o Brasil produziu 1.240.00 toneladas de suco de laranja. Essa produção se dirige quase que exclusivamente ao mercado externo. Em 2008-2009, o Brasil exportou 1.220.000 toneladas de suco, ou seja, quase tudo o que produziu. Isso ocorre porque o suco de laranja industrializado é muito caro em nosso país e, por isso, não é consumido pela maior parte das famílias. No caso dos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial, o consumo de suco de laranja é maior que a produção. A maior parte da população ganha o suficiente para comprar suco de laranja industrializado e, por isso, o consumo é muito elevado. Mesmo sendo um grande produ­tor, o país precisa importar suco de laranja para garantir o abastecimento de sua população. No caso do México, a maior parte do suco produzido é exportada, tal como ocorre no Brasil. O mesmo acontece em relação ao po­der aquisitivo das famílias e o hábito de con­sumo desse produto.
Dizemos que a ca­deia produtiva do suco de laranja no Brasil é internacionalizada, pois a produção é feita no Brasil, mas o consumo ocorre principalmente fora do país, nos Estados Unidos, na União Européia, no Japão, no Canadá e na China.

Investigando a cadeia produtiva da laranja
A cadeia produtiva da laranja envolve um grande número de agentes que operam basicamente em três estágios: antes das fazendas, nas fazendas e após as fazendas.
O diagrama “Brasil: cadeia produtiva da laranja, 2003” na página 14 e 15 do caderno do aluno, ilustra esses estágios: As fazendas de produção de laranja são con­sumidoras de produtos industrializados, como fertilizantes, tratores e equipa­mento de irrigação, entre outros. Ao mesmo tempo, for­necem para diversos tipos de indústria, como as de suco de laranja pasteurizado e as de ração. A cadeia produtiva da laranja mobiliza todos os setores da economia: o setor pri­mário (agricultura), o setor secundário (indústria) e o setor terciário (comércio e distribuição).

16. A cadeia produtiva do setor automobilístico

Qual a teia de relações que as indústrias estabelecem entre si e a diferença entre as indústrias de bens de produção e as de bens de consumo?
Todos os setores industriais uti­lizam recursos extraídos da natureza, mesmo que esses recursos já tenham sido processados anteriormente por outra indústria. O aço que abastece as indústrias automobilísticas, por exemplo, foi fabricado em uma siderúrgica, que utilizou minério de ferro como matéria-prima. O petróleo, por sua vez, é matéria-prima para os mais diversos produtos industrializados como pneus, tintas, tubulações, brinquedos, sapatos, tecidos sintéticos, insumos agrícolas, remédios e em todos os produtos plásticos. As indústrias de alimentos processam produtos da agropecuária, isto é, plantas e animais.
As cadeias produtivas não apenas conectam os diferentes setores da economia, como também integram empresas que atuam dentro de um mesmo setor.
As indústrias de bens de produção são aque­las que fabricam produtos destinados ao uso de outras indústrias. Nessa categoria estão, por exemplo, as indústrias siderúrgicas (que produzem aço), as metalúrgicas (que produ­zem peças metálicas), as petroquímicas e as que produzem máquinas e equipamentos.
As indústrias de bens de consumo são aque­las que compram produtos das indústrias de bens de produção e com eles fabricam produtos destinados diretamente ao uso dos consumidores finais. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e remédios são fa­bricados nessas indústrias.

A cadeia produtiva dos automóveis
O esquema “A cadeia produtiva dos automóveis”, na página 17 do caderno do aluno, distingue as principais etapas dessa cadeia produtiva.

Produzindo no limite
Em junho de 2008, diversos jornais noticia­ram que a cadeia produtiva dos automóveis no Brasil estava sendo pressionada pelo aumento da venda de carros. Leia, na página 19 do caderno do aluno, alguns trechos de uma reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre o assunto. Vamos verificar por que o aumento da venda de carros tem estressado os fornecedo­res que participam dessa cadeia produtiva. Uma teia de relações e interdependência é estabelecida entre as indústrias. O crescimento da in­dústria de carros repercute em um grande número de setores industriais que atuam como fornecedores.

17. A sedução do consumo

O consumo e a publicidade são componentes essenciais das cadeias produti­vas. O geógrafo Milton Santos afirma que, no mundo contem­porâneo, as empresas hegemônicas produzem primeiramente o consumidor, depois os bens de consumo. A jornalista canadense Naomi Klein, por sua vez, afirma que, desde a década de 1980, as grandes corporações mundiais deixaram de fabricar "coisas" e passaram a produzir imagens de suas marcas, ou seja, símbolos. A produção pode ser terceirizada, transferida para países pobres, nos quais a mão de obra é muito mais barata. Dessa maneira, os fabricantes mais co­nhecidos do mundo produzem cada vez menos: eles compram produtos e lhes imprimem suas marcas, enquanto a publicidade se encarrega de associar essas marcas a desejos e emoções. Em nossa sociedade, comprar não significa apenas adquirir um bem ou um serviço, mas também pode representar status e definir a identidade das pessoas. Será que essa é uma boa lógica? As pessoas podem ser definidas pelas roupas que usam ou pelos carros que dirigem? Ter é mais importante que ser? O que vocês pensam sobre isso?
Com relação ao "consumo sustentável", é preciso lembrar que, para fabricar e trans­portar qualquer tipo de produto, é preciso gastar matérias-primas, água, energia e tra­balho. Consumir sem necessidade, portanto, significa desperdiçar todos esses recursos e contribuir para a degradação ambiental.
Consumismo significa consumo impulsionado pela publicidade e direcionado para a obten­ção de reconhecimento social. Consumo sustentável está orientado no sentido de mini­mizar os impactos ambientais. Os custos sociais e ambientais do consumo perdulário (esbanjador) significam desperdício do trabalho humano e dos recursos naturais.

No mundo das marcas: os encantos da publicidade
Na obra Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido, a escritora canadense Naomi Klein afirma que, desde a década de 1980, as grandes corporações mundiais pas­saram a investir na produção de marcas associadas a um conjunto de valores, estilos de vida, idéias e conceitos.
As campanhas publicitárias asso­ciam uma determinada marca a liberdade, bem-estar físico e vida saudável, harmonia familiar, status e reconhecimento social, segurança financeira, elegância e felicidade, utilizando ro­teiros, trilhas sonoras, características das pessoas contratadas (anônimas ou famosas), uso de seqüências de figuras relacionadas ao esporte, ao lazer e à viagens, por exemplo.
A maior parte das estratégias publicitárias busca associar marcas e produtos a um de­terminado estilo de vida e a um conceito. Nos comerciais de margarina, as famílias são sempre harmoniosas e felizes; a publici­dade de carros muitas vezes recorre à idéia de liberdade, e, outras vezes, à ideia de sta­tus social. Muitas das estratégias publicitárias procuram associar um produto a uma idéia. Assim, tal produto "conecta as pes­soas", enquanto outro "torna a vida mais leve". Uma rede de supermercado se anun­cia como "lugar de gente feliz", associando diretamente consumo e felicidade. No caso da publicidade destinada a crianças, as mensagens também são explícitas. Por exemplo, o consumo de determinados pro­dutos alimentares é associado ao aumento da força física e da vitalidade, ou ainda ao sucesso no ambiente escolar.

Consumo, descarte e riqueza
            Para finalizar, vamos ler o texto “Consumo, descarte e riqueza” na página 22 do caderno do aluno.